the impossible papers

Regresso com alguma precaução e este texto extraordinário que é En Bas de Leonora Carrington.
Talvez também por causa de Sylvia Plath.
(Os critérios da memória são insondáveis; a ordem, as ligações e sobretudo o esquecimento "selectivo".)

Regresso ao texto, à crueza das palavras.

Jean Schuster numa pequena nota prévia escreve:
"Durante muito tempo a loucura pareceu inefável. Os seus testemunhos gráficos ou literários não a descreviam, mas forneciam os resultados duma hiperestesia específica do naufrágio da razão. Para forçar a atenção do deserto - como falar, sem ser aos urros? Como dizer o delírio sem nos perdermos no grito que o diz? Os maiores, Nerval, Artaud, não foram capazes. O seu génio está na queda sem fim, para lá do abismo físico.
A narrativa de Leonora Carrington, En Bas, publicada em 1945 por Henri Parisot, é, sem dúvida, uma das primeiras do género. Uma narrativa começada três anos após o internamento, uma narrativa sem complacências nem desvios. O relato do comportamento psicótico pelo próprio sujeito, além de destroçar a noção de objectividade considerada como garantia científica de autenticidade, torna verosímil a hipótese dum estado mental que escape à alternativa saúde-doença."

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