"... à falta de poder dizer mais sobre aquilo do qual se escreve"

"(...) Há, para começar, uma necessidade física. Se a solidão fizesse sentido não seria preciso mostrá-la, à espera que alguém a reconhecesse.
(...) Tenho a certeza que não se pode ter o que se ama. Ser amado não corresponde jamais ao amor que temos, porque não nos pertence.
(...) Escrever é fixar o que não pode ser fixo. Mesmo as frases mas vagas prendem as pessoas, sejam elas personagens ou leitores, a uma espécie de verdade qualquer, que depois nunca mais pode ser destruída, destruindo a liberdade, já de si tão precária, de existir.
(...) Sei que não consegui. Só espero não tê-lo conseguido bem."

Miguel Esteves Cardoso, in A Phala nº 41 (Dezembro de 1994)

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