Os Meus Livros

[...] talvez eu tenha uma árvore por amante; amante da minha árvore, figura humana que eu projecto nela, cria o amor num dia melhor do que toda a beleza que eu enuncio ao escrever; ofereço-lhe este texto, com o risco de que não me compreenda. "É para si", e concluo "é para nós"; eu entendo de igual modo as árvores, e as letras que atravessam as linhas dos livros; vivemos sob a lei da refulgência da natureza que, à hora crepuscular, explica quais são as proporções entre o homem e o resto do mundo; quantas vezes este pinhal não poderá afirmar que por aqui passou um texto, elaborado entre ele e a sua árvore? [...]

Maria Gabriela Llansol

in A Phala, nº 23 Abr/Mai/Jun 1991

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