One From The Heart
é sem qualquer espécie de dúvida o meu filme de Coppola.
mal posso acreditar que a versão dvd está agora editada e disponível em Portugal.
[...]
“Coppola’s leap into years-ahead
technology is sure and dazzling. ‘It’s arti-
ficial,’ he seems to say. ‘Isn’t it gorgeous.’
Indeed it is... At the same time, the wind
that never quite leaves the soundtrack
says: ‘It may be hot and gaudy here, but
the desert can cover everything over any
day now.’ Impermanence and emptiness
crowd the film.”
[...]
Although I have met more than a
handful of people over the years who
love the film with equal ferocity, we’ve
never had a chance to see if that initial
rapture holds up. Second thoughts? I
gravely doubt it. We’re a doughty band,
and today we finally get to share the
bliss.
Sheila Benson, 2003 Toronto International Film festival
- The Festival Daily
o que te pede o blog?
o blog pede-me que escreva. resisto o melhor que posso. porque não sei escrever.
e também porque não devemos escrever se não for importante; se não for suficientemente importante. é a primeira condição. mas nunca sabemos. não se pode saber.
[escreve: é melhor arriscar.
talvez me leias.]
[escreve: o silêncio é a origem de todos os equívocos.]
a I. (que eu pensava que tinha cinquenta anos) diz-me que um blog deveria ser como um livro de bordo. e pergunta-me: o que te pede o blog?
o blog pede-me palavras que aproximem. escrevo?
e também porque não devemos escrever se não for importante; se não for suficientemente importante. é a primeira condição. mas nunca sabemos. não se pode saber.
[escreve: é melhor arriscar.
talvez me leias.]
[escreve: o silêncio é a origem de todos os equívocos.]
a I. (que eu pensava que tinha cinquenta anos) diz-me que um blog deveria ser como um livro de bordo. e pergunta-me: o que te pede o blog?
o blog pede-me palavras que aproximem. escrevo?
imagens com velas: o mistério da fé
da forma como uma vela pode desafiar todas as forças do mundo armada apenas com a sua fragilidade.
Ordet, Carl T. Dreyer
Nostalghia (Tarkovsky), cartaz Maistrovski Art
Ordet, Carl T. Dreyer
Nostalghia (Tarkovsky), cartaz Maistrovski Art
o que eu gosto em certos filmes
a forma como a memória se desvanece, se diluiu até não restar quase nada. e como depois, quase sem darmos por isso, se vão acumulando fragmentos em volta das últimas ruínas. gosto desta espécie de musgo que cresce à volta do que sobrou da memória do filme, da forma como regressam algumas imagens agora já contaminadas com o pó da nossa própria vida.
palavras palavras palavras
na verdade talvez não queiramos nunca ser compreendidos. como explicar as palavras que escrevemos. tão inexactas.
é à tua incompreensão que me dirijo, à tua ausência; e ao teu silêncio.
é?
é à tua incompreensão que me dirijo, à tua ausência; e ao teu silêncio.
é?
[viii]
somewhere i have never travelled,gladly beyond
any experience,your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near
your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully,mysteriously)her first rose
or if your whish be to close me,i and
my life will shut very beautifully,suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;
nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility:whose texture
compels me with the colour of its countries,
rendering death and forever with each breathing
(i do not know what it is about you that closes
and opens;only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody,not even the rain,has such small hands
e.e. cummings
any experience,your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near
your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully,mysteriously)her first rose
or if your whish be to close me,i and
my life will shut very beautifully,suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;
nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility:whose texture
compels me with the colour of its countries,
rendering death and forever with each breathing
(i do not know what it is about you that closes
and opens;only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody,not even the rain,has such small hands
e.e. cummings
malogro
"A podridão alastra por todo o Estado e o cheiro doce torna-se uma grande preocupação nos campos. Os homens que sabem enxertar as árvores e tornar fecundas e fortes as sementes, não encontram meios de deixarem a gente esfaimada comer os seus produtos. Homens que criaram novas frutas para o mundo, não sabem criar um sistema pelo qual as tais frutas possam ser comidas. E o malogro paira sobre o Estado como um grande desgosto.
As operações praticadas nas raízes das vinhas e das árvores devem ser destruídas, para que sejam mantidos os preços elevados. É isto o mais triste, o mais amargo de tudo. Carradas de laranjas são atiradas para o chão. O pessoal vinha de milhas de distância para buscar frutas, mas agora, não lhes é permitido fazê-lo. Não iam comprar laranjas a vinte cents a dúzia, quando lhes bastava pular do carro e apanhá-las do chão. Homens armados de mangueiras derramam querosene por cima das laranjas e enfurecem-se contra o crime, contra o crime daquela gente que veio à procura das frutas. Um milhão de criaturas com fome, de criaturas que precisam de frutas... e o querosene derramado sobre as faldas das montanhas douradas.
O cheiro a podridão enche o país.
Queimam café como combustível de navios. Queimam o milho para aquecer; o milho dá um lume excelente. Atiram batatas aos rios, colocando guardas ao longo das margens, para evitar que o povo faminto intente pescá-las. Abatem porcos, enterram-nos e deixam a putrescência penetrar na terra.
Há nisto tudo um crime, um crime que ultrapassa o entendimento humano. Há nisto uma tristeza, uma tristeza que o pranto não consegue simbolizar. Há um malogro que opõe barreiras a todos os nossos êxitos; à terra fértil, às filas rectas de árvores, aos troncos vigorosos e às frutas maduras. Crianças atingidas pela pelagra têm de morrer porque a laranja não pode deixar de proporcionar lucros. Os médicos legistas devem declarar nas certidões de óbito: "morte por inanição", porque a comida deve apodrecer, deve, por força, apodrecer.
O povo vem com redes para pescar as batatas no rio, e os guardas impedem-no. Os homens vêm nos carros ruidosos apanhar as laranjas caídas no chão, mas as laranjas estão untadas de querosene. E ficam imóveis, vendo as batatas passarem flutuando; ouvem os gritos dos porcos abatidos num fosso e cobertos de cal viva; contemplam montanhas de laranjas, rolando num lodaçal putrefacto. Nos olhos dos homens reflecte-se o malogro. Nos olhos esfaimados cresce a ira. Na alma do povo, as vinhas da ira crescem e espraiam-se pesadamente, pesadamente amadurecendo para a vindima."
John Steinbeck, in As Vinhas da Ira
As operações praticadas nas raízes das vinhas e das árvores devem ser destruídas, para que sejam mantidos os preços elevados. É isto o mais triste, o mais amargo de tudo. Carradas de laranjas são atiradas para o chão. O pessoal vinha de milhas de distância para buscar frutas, mas agora, não lhes é permitido fazê-lo. Não iam comprar laranjas a vinte cents a dúzia, quando lhes bastava pular do carro e apanhá-las do chão. Homens armados de mangueiras derramam querosene por cima das laranjas e enfurecem-se contra o crime, contra o crime daquela gente que veio à procura das frutas. Um milhão de criaturas com fome, de criaturas que precisam de frutas... e o querosene derramado sobre as faldas das montanhas douradas.
O cheiro a podridão enche o país.
Queimam café como combustível de navios. Queimam o milho para aquecer; o milho dá um lume excelente. Atiram batatas aos rios, colocando guardas ao longo das margens, para evitar que o povo faminto intente pescá-las. Abatem porcos, enterram-nos e deixam a putrescência penetrar na terra.
Há nisto tudo um crime, um crime que ultrapassa o entendimento humano. Há nisto uma tristeza, uma tristeza que o pranto não consegue simbolizar. Há um malogro que opõe barreiras a todos os nossos êxitos; à terra fértil, às filas rectas de árvores, aos troncos vigorosos e às frutas maduras. Crianças atingidas pela pelagra têm de morrer porque a laranja não pode deixar de proporcionar lucros. Os médicos legistas devem declarar nas certidões de óbito: "morte por inanição", porque a comida deve apodrecer, deve, por força, apodrecer.
O povo vem com redes para pescar as batatas no rio, e os guardas impedem-no. Os homens vêm nos carros ruidosos apanhar as laranjas caídas no chão, mas as laranjas estão untadas de querosene. E ficam imóveis, vendo as batatas passarem flutuando; ouvem os gritos dos porcos abatidos num fosso e cobertos de cal viva; contemplam montanhas de laranjas, rolando num lodaçal putrefacto. Nos olhos dos homens reflecte-se o malogro. Nos olhos esfaimados cresce a ira. Na alma do povo, as vinhas da ira crescem e espraiam-se pesadamente, pesadamente amadurecendo para a vindima."
John Steinbeck, in As Vinhas da Ira
a respigadora
Não posso ver um filme de Agnés Varda sem que ele esteja sempre e à partida irremediavelmente contaminado com a memória que tenho desse filme que me marcou na adolescência e que se chama Sans Toit ni Loi. Essa memória de uma ruralidade cruel choca violentamente com as minhas recordações de infância feliz no campo. E também sobretudo essa advertência; a de que a liberdade também pode ser perigosa, também pode matar.
Aqui em Os Respigadores e a Respigadora Agnés Varda parte de um quadro de Millet para um trabalho belíssimo acerca do reaproveitamento, das coisas que sobram, do direito.
Do direito de recolher o que sobrou e não foi colhido (lembro-me da alegria com que nós miúdos de 6 ou 7 anos calcorreávamos as vinhas recolhendo as uvas que tinham escapado à vindima).
E do modo como a arte é lixo, sobras, restos. Mas também um filme com uma forte carga política, de crítica à insanidade do consumo desenfreado nas nossas sociedades.
Agnés Varda deixa-me sempre esta quase certeza, intuição, de que o documentário é provavelmente a mais nobre forma de fazer cinema.
(ex)citações
o calor é sabido dilata os corpos e tem efeitos "deslinkadores".
nestas situações o melhor será mesmo um banho gelado?
nestas situações o melhor será mesmo um banho gelado?
da criação das palavras (extraordinárias?)
"Uma palavra é sempre substituível por outra. Se alguma não vos agrada, não vos convém, agarrem noutra, ponham outra no seu lugar. Se toda a gente fizer esse esforço, podemos compreender-nos, e já não há razão para pôr questões e levantar objecções. Não há palavras certas. Também não há metáforas (todas as metáforas são palavras sujas ou a sua causa). Só há palavras inexactas para designar exactamente alguma coisa. Criemos palavras extraordinárias, mas na condição de as utilizarmos de modo vulgar e de fazer existir a entidade que designam com o estatuto do mais comum dos objectos."
Gilles Deleuze, in Diálogos
Gilles Deleuze, in Diálogos
libertar para a luz
modus vivendi: há blogs assim onde chegamos e nos é oferecida uma vista sobre o vale uma brisa fresca a serenidade a sabedoria. há blogs onde nos vamos deitar na relva fresca e recuperar o ritmo da respiração. para que o mundo se torne mais suportável.
Do Mundo
Se me perguntarem: das artes do mundo?
Das artes do mundo escolho a de ver cometas
despenharem-se
nas grandes massas de água: depois, as brasas pelos recantos,
charcos entre elas.
Quero na escuridão revolvida pelas luzes
ganhar baptismo, ofício.
Queimado nas orlas de fogo das poças.
O meu nome é esse.
E os dias atravessam as noites até aos outros dias, as noites
caem dentro dos dias - e eu estudo
astros desmoronados, mananciais, o segredo.
Herberto Helder
Das artes do mundo escolho a de ver cometas
despenharem-se
nas grandes massas de água: depois, as brasas pelos recantos,
charcos entre elas.
Quero na escuridão revolvida pelas luzes
ganhar baptismo, ofício.
Queimado nas orlas de fogo das poças.
O meu nome é esse.
E os dias atravessam as noites até aos outros dias, as noites
caem dentro dos dias - e eu estudo
astros desmoronados, mananciais, o segredo.
Herberto Helder
leva-me
She said:
"I just can't"
I wish she had said:
"My heart won't let me."
Abbas Kiarostami, in Walking With The Wind
com o vento
I arrive alone
I drink alone
I laugh alone
I cry alone
I'm leaving alone.
Abbas Kiarostami, in Walking With The Wind
enquadramento
O importante é o enquadramento. De qualquer coisa. Quando tiro uma fotografia, pergunto-me se irei revelá-la ou não. Normalmente hesito, mas depois acabo por fazê-lo de qualquer modo. No instante preciso em que ponho o instantâneo numa moldura com um passe-partout, de repente ele torna-se mais atractivo, e quando olho para ele através do vidro da moldura acho-o perfeitamente plausível. Portanto, creio que a ideia de enquadrar alguma coisa, dá-se-lhe a dimensão da importância que provém do facto de a ter seleccionado. No momento em que se selecciona algo, confere-se-lhe um valor acrescentado que o separa de toda e qualquer outra coisa.
Abbas Kiarostami
acredito no enquadramento como essência do cinema. esse pedaço de imagem que se retira de um lugar e se junta a outro que não lhe era vizinho. o enquadramento está antes da descontinuidade da montagem. está antes do próprio movimento das imagens. é mais antigo.
e é talvez a primeira e decisiva escolha que se faz.
Abbas Kiarostami
acredito no enquadramento como essência do cinema. esse pedaço de imagem que se retira de um lugar e se junta a outro que não lhe era vizinho. o enquadramento está antes da descontinuidade da montagem. está antes do próprio movimento das imagens. é mais antigo.
e é talvez a primeira e decisiva escolha que se faz.
ficam mais pesadas as mãos em certas noites como esta não devia escrever as palavras no limite da confidência confissão inconfidência também talvez à procura sempre à procura das palavras da palavra certa que diga esta solidão completamente improvável inverosímil imaginária morre-se sempre um pouco enquanto se espera espero que acordes espero que passe
Romance Sonámbulo
A Gloria Giner y Fernando de los Ríos
Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas la están mirando
y ella no puede mirarlas.
Verde que te quiero verde.
Grandes estrellas de escarcha,
vienen con el pez de sombra
que abre el camino del alba.
La higuera frota su viento
con la lija de sus ramas,
y el monte, gato garduño,
eriza sus pitas agrias.
¿Pero quién vendrá? ¿Y por dónde...?
Ella sigue en su baranda,
verde carne, pelo verde,
soñando en la mar amarga.
Compadre, quiero cambiar
mi caballo por su casa,
mi montura por su espejo,
mi cuchillo por su manta.
Compadre, vengo sangrando,
desde los puertos de Cabra.
Si yo pudiera, mocito,
ese trato se cerraba.
Pero yo ya no soy yo,
ni mi casa es ya mi casa.
Compadre, quiero morir
decentemente en mi cama.
De acero, si puede ser, con
las sábanas de holanda.
¿No ves la herida que tengo
desde el pecho a la garganta?
Trescientas rosas morenas
lleva tu pechera blanca.
Tu sangre rezuma y huele
alrededor de tu faja.
Pero yo ya no soy yo,
ni mi casa es ya mi casa.
Dejadme subir al menos
hasta las altas barandas,
¡dejadme subir!, dejadme
hasta las verdes barandas.
Barandales de la luna por
donde retumba el agua.
Ya suben los dos compadres
hacia las altas barandas.
Dejando un rastro de sangre.
Dejando un rastro de lágrimas.
Temblaban en los tejados
farolillos de hojalata.
Mil panderos de cristal,
herían la madrugada.
Verde que te quiero verde,
verde viento, verdes ramas.
Los dos compadres subieron.
El largo viento, dejaba
en la boca un raro gusto
de hiel, de menta y de albahaca.
¡Compadre! ¿Dónde está, dime?
¿Dónde está tu niña amarga?
¡Cuántas veces te esperó!
¡Cuántas veces te esperara
cara fresca, negro pelo,
en esta verde baranda!
Sobre el rostro del aljibe
se mecía la gitana.
Verde cama, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Un carámbano de luna
la sostiene sobre el agua.
La noche se puso íntima
como una pequeña plaza.
Guardias civiles borrachos
en la puerta golpeaban.
Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar.
Y el caballo en la montana.
Federico García Lorca, Romancero Gitano
Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas la están mirando
y ella no puede mirarlas.
Verde que te quiero verde.
Grandes estrellas de escarcha,
vienen con el pez de sombra
que abre el camino del alba.
La higuera frota su viento
con la lija de sus ramas,
y el monte, gato garduño,
eriza sus pitas agrias.
¿Pero quién vendrá? ¿Y por dónde...?
Ella sigue en su baranda,
verde carne, pelo verde,
soñando en la mar amarga.
Compadre, quiero cambiar
mi caballo por su casa,
mi montura por su espejo,
mi cuchillo por su manta.
Compadre, vengo sangrando,
desde los puertos de Cabra.
Si yo pudiera, mocito,
ese trato se cerraba.
Pero yo ya no soy yo,
ni mi casa es ya mi casa.
Compadre, quiero morir
decentemente en mi cama.
De acero, si puede ser, con
las sábanas de holanda.
¿No ves la herida que tengo
desde el pecho a la garganta?
Trescientas rosas morenas
lleva tu pechera blanca.
Tu sangre rezuma y huele
alrededor de tu faja.
Pero yo ya no soy yo,
ni mi casa es ya mi casa.
Dejadme subir al menos
hasta las altas barandas,
¡dejadme subir!, dejadme
hasta las verdes barandas.
Barandales de la luna por
donde retumba el agua.
Ya suben los dos compadres
hacia las altas barandas.
Dejando un rastro de sangre.
Dejando un rastro de lágrimas.
Temblaban en los tejados
farolillos de hojalata.
Mil panderos de cristal,
herían la madrugada.
Verde que te quiero verde,
verde viento, verdes ramas.
Los dos compadres subieron.
El largo viento, dejaba
en la boca un raro gusto
de hiel, de menta y de albahaca.
¡Compadre! ¿Dónde está, dime?
¿Dónde está tu niña amarga?
¡Cuántas veces te esperó!
¡Cuántas veces te esperara
cara fresca, negro pelo,
en esta verde baranda!
Sobre el rostro del aljibe
se mecía la gitana.
Verde cama, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Un carámbano de luna
la sostiene sobre el agua.
La noche se puso íntima
como una pequeña plaza.
Guardias civiles borrachos
en la puerta golpeaban.
Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar.
Y el caballo en la montana.
Federico García Lorca, Romancero Gitano
filmes que eu gostava de (voltar a) ver
filmes para os quais o desejo terá inventado uma memória.
e não posso por isso ter já a certeza de ter visto estas imagens.
mas queria muito voltar a ver este filme.
trabalhar cansa
quando era muito jovem acreditava na redenção pelo trabalho.
havia associada ao trabalho uma ideia de pureza, de honestidade.
mais tarde acrescentei ainda a ideia de liberdade; o trabalho que liberta.
mas agora sobra-me sempre este cansaço. esta falta de liberdade.
agora escrevo apenas: o trabalho mata.
uma lei que obrigasse à colocação de avisos: "o governo adverte que o trabalho prejudica gravemente a sua capacidade de viver como um indivíduo livre e são".
havia associada ao trabalho uma ideia de pureza, de honestidade.
mais tarde acrescentei ainda a ideia de liberdade; o trabalho que liberta.
mas agora sobra-me sempre este cansaço. esta falta de liberdade.
agora escrevo apenas: o trabalho mata.
uma lei que obrigasse à colocação de avisos: "o governo adverte que o trabalho prejudica gravemente a sua capacidade de viver como um indivíduo livre e são".
os cartazes do bloco cheiram mal da boca
Nunca gostei da imagem gráfica do bloco. É uma herança do PSR e do Combate que se dispensava. Nunca entendi essa espécie de preconceito contra a beleza. Porque é que a esquerda não pode ser sedutora, leve, flexível? Porque é que tem que ser tão séria e pesada? Feia?
Mas agora é mais grave do que isso; é lixo comunicacional. E uma mensagem com a qual estou em completo desacordo. Não gosto desta faceta caceteira. Nem do populismo barato. O melhor serviço que podemos prestar aos maus políticos é dizer que todos os políticos são maus. Além disso, este poderia muito bem ser o cartaz da Nova Democracia (bastava mudar as cores).
Acho que desta vez vou dar um cartão amarelo ao bloco.
Eles são feios, eles perdem votos.
Mas agora é mais grave do que isso; é lixo comunicacional. E uma mensagem com a qual estou em completo desacordo. Não gosto desta faceta caceteira. Nem do populismo barato. O melhor serviço que podemos prestar aos maus políticos é dizer que todos os políticos são maus. Além disso, este poderia muito bem ser o cartaz da Nova Democracia (bastava mudar as cores).
Acho que desta vez vou dar um cartão amarelo ao bloco.
Eles são feios, eles perdem votos.
AFTER LONG SILENCE
Speech after long silence; it is right,
All other lovers being estranged or dead,
Unfriendly lamplight hid under its shade,
The curtains drawn upon unfriendly night,
That we descant and yet descant
Upon the supreme theme of Art and Song:
Bodily decrepitude is wisdom; young
We loved each other and were ignorant.
W.B.Yeats, Words For Music Perhaps (1931)
All other lovers being estranged or dead,
Unfriendly lamplight hid under its shade,
The curtains drawn upon unfriendly night,
That we descant and yet descant
Upon the supreme theme of Art and Song:
Bodily decrepitude is wisdom; young
We loved each other and were ignorant.
W.B.Yeats, Words For Music Perhaps (1931)
WHEN YOU ARE OLD
When you are old and grey and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.
W.B.Yeats, The Rose (1893)
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.
W.B.Yeats, The Rose (1893)
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